Encontro 10

Rua do Príncipe esquina com a  Rua Abdon Batista

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Catedral


A Rua Abdon Batista foi batizada assim em homenagem ao seu morador mais célebre: o prefeito, deputado estadual e federal, senador e vice-governador Abdon Baptista, que residia onde hoje localiza-se o Edifício Hannover. Outrora, já foi conhecida como Untere Hafenstrasse (Rua do Porto de Baixo), Wasserstrasse (Rua da Água) e Rua Conselheiro Mafra. Um pouco mais ao sul deste ponto, ficava a olaria que deu nome à Rua do Príncipe: Ziegeleistrasse, ou Rua da Olaria. Foi a primeira indústria joinvilense, criada em 1851. 


O principal edifício deste encontro é a catedral. Em 1933, a comunidade católica entendeu que era necessário ampliar o espaço da igreja, que estava pequena para o crescente número de fiéis, mas as discussões sobre o projeto se estendiam sem uma conclusão. Com a chegada do bispo Dom Gregório Warmeling, em 1957, a nova catedral ganhou ao mesmo tempo impulso e novo sentido, com mudança no estilo do projeto. Foi construída a partir de 1960, num projeto modernista do arquiteto francês radicado em Curitiba, Rene Marie Felix Mathieu, e pela Construtora Marna do engenheiro Felipe Arns, sobrinho do Cardeal Arns. A catedral ficou pronta em 1977. A inauguração do campanário, contudo, ocorreu apenas em 2005.


Modernista


O principal templo católico da cidade possui 20 vitrais que mostram uma caminhada teológica, demonstrando a evolução da criação. Suas duas conchas sobrepostas simbolizam as mãos de Deus cobrindo a ação da Igreja. Possui 12 colunas simbolizando os apóstolos e duas grandes colunas que se encontram, representando a bíblia, a tradição: é a presença de Jesus Cristo. 


O arrojado projeto modernista da catedral é reflexo desta época do final dos anos 1950 quando a Igreja Católica estava em renovação se preparando para o Concílio Vaticano II que alterou o rito da missa e previu uma maior participação dos fiéis. Ao mesmo tempo era a época da construção de Brasília cuja catedral já estava construída desde 1958.


Seus elementos mais marcantes externa e internamente são as duas cúpulas nervuradas realizadas em concreto armado. O projeto moderno do novo espaço sacro não deixa de atender às funções tradicionais de um templo católico. Assim, reconhecemos o átrio, que é o grande espaço, ainda no exterior, coberto por uma casca de concreto de dupla curvatura e sustentada por delgadas colunas; o nártex que é o vestíbulo localizado sob o coro; o próprio coro acima e em volta do acesso; duas capelas laterais em grandes cilindros iluminados através de elementos vazados sendo que a capela do lado do evangelho (lado esquerdo de quem entra) é reservada ao batistério; a nave que é o local dos fiéis, com piso inclinado em direção ao altar e coberta pela primeira cúpula nervurada com 14 gomos e com formato de três quartos de círculo. 


Os pilares que a sustentam tem formato de cruz com secção crescente; o presbitério, onde se localiza o altar e os oficiantes da missa, coberto por uma cúpula menor apoiada em um arco visível desde o piso. Esta cúpula é mais alta gerando um desvão orientado para o sul por onde penetra luz que ilumina o altar.


Vitrais


O recurso do uso da luz também é utilizado nos vinte vitrais coloridos em todo seu entorno de autoria de Lorenz Heilmair, executados em São Paulo e que contam a dinâmica evolutiva do teólogo francês Teilhar de Chardin desde a criação do mundo ao surgimento de Jesus Cristo. Aos fundos existe ainda a Capela do Santíssimo, área administrativa e a cripta no subsolo. A catedral por sua função também cultural, conta com espaços para coros e orquestras em vários níveis unidos por rampas o que justifica as poltronas de teatro da marca CIMO, que possuía fábrica em Joinville.


Nesta esquina com a Rua Abdon Batista, encontra-se uma agência do Banco Bradesco que se utiliza de elementos da cultura germânica em um prédio moderno. Composto de dois volumes todo em tijolos com volumes simples. 


O volume inferior maior, no alinhamento das vias com arcos plenos e esquina curva. Mais recuado o segundo volume com um grande telhado cerâmico em duas águas, falso enxaimel em aplicações na fachada e aberturas em verga reta.


 

Casa Dingee


Um pouco à frente, na Rua do Príncipe, está localizada a Casa Dingee, construída em 1920 pelo arquiteto A. Roch para ser residência e comércio do seu primeiro proprietário, o Sr. Henrique Alves Dingee. O prédio era a sede de uma prestigiosa sapataria, reconhecida pela qualidade de seus produtos. 


Este belo sobrado eclético é ricamente decorado. Seu corpo principal apresenta no térreo frisos horizontais e aberturas com cantos curvos. Acima destas, adornos de guirlandas tendo uma a inscrição Casa Dingee. No mesmo prumo sacadas sustentadas por mísulas apresentam guarda-corpo com elementos vazados, o que ainda não era comum na época. As portas que dão para estas sacadas possuem o formato de ferradura com divisão em três partes, porta com bandeira com filhos coloridos ao centro e duas pequenas janelas laterais.


 No mesmo alinhamento, já na platibanda nichos em forma de concha abrigam ornamentos fitomórficos que, com a interrupção da cornija se derramam pelo friso. Vários outros ornamentos compõe a fachada que é coroada por dois jarrões nas extremidades da platibanda.


PARA IR ALÉM


Na Rua Abdon Batista, 89, situa-se a Villa Amazilda, edifício com mais de cem anos, construído no fim da década de 1910. Amazilda Baptista, filha de Abdon Baptista, casou-se com o pernambucano José Wanderley Navarro Lins, que construiu a casa imediatamente ao lado da casa do sogro. Posteriormente, a casa foi comprada por Adhemar Garcia, também industrial e político, que era cunhado de um dos filhos do casal Navarro Lins. Também este imóvel é tombado como patrimônio histórico estadual.


Seguindo pela Rua do Príncipe, a fachada do prédio de número 839, antiga propriedade de Henrique Douat, esconde um bem tombado, localizado nos fundos da edificação: uma parede enxaimel com três pavimentos, única na cidade.


Um pouco mais à frente, no número 860, está o Edifício Salfer, onde nasceu a primeira unidade das Lojas Salfer, uma rede de lojas de eletrodomésticos e móveis que chegou a ter mais de 100 lojas. Foi vendida para a Ricardo Eletro, que deixou de utilizar a marca Salfer.




Encontro 10

Rua Do Príncipe 729, Centro, Joinville - Santa Catarina, 89201, Brazil

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